Ave-Cruz da fase de grupo do Gauchão vai ser nos Plátanos

Avenida terá cinco jogos como mandante e Santa Cruz jogará seis vezes em casa na primeira etapa

21/11/2023, por José Carlos Ferreira

Clássico santa-cruzense retornará à divisão principal depois de 12 anos (Vinícius Molz Schubert/FC Santa Cruz)

A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) reuniu nesta terça-feira, 21, os clubes que disputarão o Gauchão 2024. Os dirigentes se encontraram na sede da entidade estadual, em Porto Alegre, para o sorteio dos mandos de campo da primeira fase do campeonato. Todas as equipes se enfrentarão em turno único com 11 rodadas.

Pelo sorteio, ficou definido que o Avenida jogará cinco vezes como mandante nos Eucaliptos na etapa inicial. Já o Santa Cruz terá seis partidas nos Plátanos. A casa do Galo Carijó sediará o clássico Ave-Cruz 117 nessa primeira fase. Os dois últimos confrontos entre alviverdes e alvinegros foram em 2022 pelo Gaúcho Série A2, com dois empates: 0 a 0 na praça de esportes da Rua Gaspar Silveira Martins e 1 a 1 na da São José.

Uma nova reunião dos representantes dos clubes com a FGF acontecerá na próxima terça-feira, 28, também em Porto Alegre. Será o congresso técnico do Gauchão, para definição da tabela completa do Gauchão 2024, com datas, horários e ordem dos jogos. O campeonato ocorrerá de 20 de janeiro a 7 de abril. Após a fase inicial, as quartas de final, semifinais e finais serão disputadas em confrontos de ida e volta.

Helena Hermany reforça confiança na justiça no caso Operação Controle

Prefeita de Santa Cruz do Sul voltou a abordar a ação do Ministério Público no município. MP reage em nota para imprensa

16/11/2023, com informações da assessorias de imprensa da Prefeitura de Santa Cruz do Sul e do Ministério Público do RS

Prefeita criticou o modo como o MP/RS expôs o município em investigações sobre supostas irregularidades (Reprodução/PMSCS)

Em nova coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, 16, a prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany (Progressistas), voltou a abordar a Operação Controle, feita pelo Ministério Público Estadual no município na terça, 14, e que teve como ponto alto os afastamentos do vice-prefeito Elstor Desbessell (Progressistas), de quatro secretários da equipe dela, do vereador Henrique Hermany (Progressistas) e de servidores. A chefe do Executivo acentuou sua confiança na lisura do trabalho desenvolvido na gestão e reforçou a expectativa de um desfecho rápido e esclarecedor para as investigações.

A manifestação da prefeita ocorreu dentro do Salão Nobre do Palacinho, que estava lotado por vereadores da base aliada, integrantes do secretariado, presidentes de partidos, representantes de entidades de classe, líderes empresariais e políticos, como o ex-prefeito José Alberto Wenzel (PSDB), e imprensa. Helena reiterou a preocupação em manter em andamento as diversas obras que estão sendo executadas em Santa Cruz. “Não posso, não quero e não vou parar o desenvolvimento de nossa cidade”, garantiu durante a coletiva, que pode ser conferida no perfil da Prefeitura no Instagram.

A prefeita destacou que, da forma como a Operação Controle foi divulgada pelo MP/RS, a cifra de R$ 47 milhões em supostos desvios dos cofres municipais induz a opinião pública a um entendimento equivocado. O valor se refere, segundo Helena, a um conjunto de obras que já foram concluídas e outras que estão em execução, não podendo dessa forma se dizer que o montante foi desviado. “Até parece que nenhuma obra foi executada, pois o que esse número representa, na verdade, são os contratos que já foram realizados ou estão sendo realizados no momento”, frisou, com o apoio de uma apresentação de slides.

Helena reforçou, também, que mantém um rígido controle sobre o andamento das obras e projetos do governo. “Cito, por exemplo, as reuniões semanais no meu Gabinete, com todos os representantes das áreas de projetos, obras, licitações e afins”, apontou. A prefeita ainda declarou que não há riscos ao erário, pois todas as obras possuem garantias ou seguro, prestados pelos contratados.

A governante também se manifestou a respeito dos pontos elencados pelo Ministério Público nas investigações. O Autódromo Internacional de Santa Cruz passou por uma obra de reparos em 2022, onde foi realizado um microrrevestimento asfáltico para ter condições de receber a Stock Car e outras competições. O orçamento inicial, de R$ 2.817.175,13, teve uma supressão de R$ 548.276,56.

Após as provas, foi constatado que o circuito necessita de profundas intervenções estruturais. Assim, foi elaborado o projeto de revitalização total da pista e demais setores, estimado em R$ 8.875.745,85. A iniciativa buscaria atender todas as atualizações que as normas automobilísticas sofreram ao longo de mais de duas décadas.

Todas as intervenções previstas no projeto passaram pela análise e aprovação da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e seguiram as normas da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), buscando manter o autódromo habilitado para sediar provas importantes do calendário nacional e até do internacional, fomentando os setores como turismo e comércio. Devido às investigações do MP/RS, Helena determinou a suspensão da licitação em andamento, até que tudo seja esclarecido.

Sobre as obras na BR-471, Helena enfatizou que a municipalização do trecho de 9 quilômetros e a promessa de sua duplicação ocorreram durante a administração do seu antecessor no cargo, o prefeito Telmo Kirst. “Assim como a aguardada obra do viaduto do Arroio Grande e tantas outras em execução, é na nossa gestão que estamos tirando essas propostas do papel e tornando-as realidade”, enfatizou.

Helena lembrou que a mobilização pela duplicação iniciou através da Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp) e partiu de empresários locais de diversos pontos da cidade, não apenas daqueles situados às margens da rodovia, pela agilidade e segurança que a obra trará para o escoamento da produção e transporte de insumos. O pleito também contou com grande mobilização da opinião pública, por representar expressiva melhoria ao trânsito da região.

Conforme a prefeita, o projeto de duplicação do trecho municipalizado da rodovia federal foi avaliado pelos técnicos da Prefeitura e recebeu aprovação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Helena ainda questionou como um lote da obra poderia ser superfaturado e outro não, uma vez que se trata de um único projeto.

Os questionamentos do MP sobre a obra da BR-471 recaem sobre o Lote 01/Trecho 01. Ao todo, quatro empresas participaram do certame. A licitação exigia a prestação de serviços, com fornecimento de materiais para a execução de obra de drenagem superficial, pavimentação e sinalização (restauração e ampliação da pista lateral, entre o trevo da RSC-287 e a nova rótula de acesso para a Unisc), com valor contratado de R$ 17.400.044,23.

Iniciada em 17 de março deste ano, o contrato teve três termos aditivos, totalizando R$ 3.786.003,90, principalmente em razão da necessidade de modificar o local onde estão sendo liberadas as sobras da terraplanagem e materiais do canteiro de obras (“bota-fora”). Até o momento, já foram pagos R$ 4.627.418,90 à empresa responsável pelo Lote 01, representando 22,02% da obra executados.

Já o Lote 02/Trecho 01 teve outra empresa vencedora na licitação. A obra, contratada por R$ 9.830.611,03, recebeu aditivos no montante de R$ 4.576.221,74, em razão da mudança do bota-fora, da necessidade de projeto ambiental, resolução da descoberta de grande acúmulo de água e adequação no encontro de pistas, totalizando R$ 14.406.832,77. Os recursos pagos até o momento somam R$ 5.924.342,02, representando a execução de 41,20% da duplicação neste lote.

“Somando os valores da obra executada no autódromo, dos dois lotes do trecho da BR-471 e mais o projeto de revitalização da pista, que teve a licitação suspensa, é que chegamos ao montante de R$ 47 milhões. Isso foi o que conseguimos captar pelas falas dos promotores, da divulgação na imprensa e nas redes sociais. Como nem eu e nem a Prefeitura somos investigados, não tivemos até o momento o acesso ao conteúdo das possíveis provas”, explicou Helena Hermany.

A chefe do Executivo Municipal pediu à comunidade que não incorra em pré-julgamentos até o final das apurações pelo Ministério Público. Helena ainda observou que uma vereadora da oposição – cujo nome ela não citou, mas seria Nicole Garske Weber (PTB) – declarou-se responsável pela denúncia que teria originado as investigações. “Confio na justiça. Não acredito que o Ministério Público possa estar a serviço de uma vereadora ou de um determinado grupo político”, cutucou.

Helena também agradeceu as inúmeras declarações de apoio que tem recebido nos últimos dias, dentre as quais destacou a do presidente estadual do Progressistas, deputado federal Covatti Filho, em uma rede social: “Sempre tivemos orgulho da gestão que a prefeita Helena faz à frente de Santa Cruz. A família Progressistas está ao lado de vocês, e confia plenamente que tudo isso será esclarecido”. O parlamentar é noivo da vereadora a quem a prefeita se referiu durante a coletiva.

Ainda, segundo a chefe do Executivo, as contas de sua gestão em 2022 foram aprovadas sem ressalvas pelo Tribunal de Contas do Estado, com parecer favorável do Ministério Público de Contas, para ela uma confirmação da seriedade com que são tratados os recursos públicos em seu governo. “Continuo firme e forte na condução da nossa Santa Cruz e, paralelo a isso, irei incentivar, facilitar e acompanhar todas as investigações como interessada número 1 no estabelecimento da verdade”, acentuou.

A prefeita exaltou a sua trajetória política e reforçou a crença no esclarecimento dos fatos. “Em toda a minha vida pública, nunca cometi um ilícito e não permitirei que o façam. Assim como não permitirei que o oportunismo político ganhe espaço para macular biografias. Continuarei trabalhando com dedicação e seriedade por cada cidadão de Santa Cruz do Sul. Contem sempre comigo.”

MP/RS emite nota para rebater a manifestação da prefeita

Nota da Operação Controle:

Considerando a entrevista coletiva concedida pela Prefeita Municipal na tarde de hoje, o Ministério Público, pelos três promotores de Justiça responsáveis pela Operação Controle, manifesta o que segue:

1.             Embora tenhamos o máximo respeito pela posição da Prefeita, como ela mesmo disse na entrevista, partiu de suposições que ela fez a respeito da operação. Temos a convicção de que, quando tiver pleno acesso às provas coletadas na investigação, entenderá a gravidade dos crimes e a necessidade das medidas postuladas e determinadas pelo Poder Judiciário, inclusive de afastamento de servidores e de paralisação de obras.

2.             Rechaçamos com veemência a pretensão de uso político da investigação, que é técnica, analisa fatos e decorre das funções constitucionais do MP. Rechaçamos, da mesma forma, ilações de terceiros, colocando-se como “autores de denúncias”. A investigação teve início a partir da atuação da 2ª promotoria de justiça especializada de Santa Cruz do Sul, mediante análise de licitações e contratos públicos de Santa Cruz do Sul.

3.             O prejuízo aos cofres públicos foi estimado em 47 milhões, já que tais valores correspondem a contratos feitos ou a licitações em fase de lançamento com suspeitas de fraudes mediante ação de organização criminosa. É preciso pontuar que, se comprovadas as fraudes, sequer se poderá conceber que houve contratos públicos, e sim sem interesse público e direcionados para enriquecimento ilícito.

4.             O MP não está gerando nenhum prejuízo a Santa Cruz do Sul, e sim protegendo os cofres públicos. Se algumas obras serão paralisadas, é apenas porque existem indícios muito fortes de que foram concebidas mediante fraudes. Ou seja, as paralisações não decorrerão da ação do MP, e sim das supostas infrações penais cometidas pela organização criminal.

5.             Por fim, refutamos com o mesmo ênfase as expressões usadas pela Prefeita de que a ação do MP é “absurda”, “uma barbaridade” ou “deboche”. Nossa atuação é técnica e pautada em provas coletadas dentro da legalidade, sempre com o crivo do Poder judiciário. Com o encerramento da investigação, o que levará algum tempo, pela necessidade de análise das demais provas coletadas no último dia 14, o MP poderá esclarecer totalmente tudo o que foi investigado e as pretendidas consequências legais.

Santa Cruz do Sul, 16/11/23.

Érico Barin,

Promotor de Justiça.

João Beltrame,

Promotor de Justiça.

Flávio Passos,

Promotor de Justiça.

Prefeitura de Santa Cruz é alvo de operação do MP/RS

Ação investiga licitações e contratos do município com empresas, e envolvimento de servidores

14/11/2023, com informações do site do Ministério Público do RS

Ordens judiciais e mandados de busca e apreensão foram cumpridos em sete cidades (Divulgação/MP-RS)

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Gaeco-MP/RS) realizou nesta terça-feira, 14, a fase ostensiva da Operação Controle, que tem como foco da investigação a cidade de Santa Cruz do Sul. O objetivo é desarticular organização criminosa responsável por fraudes que causaram prejuízos que podem alcançar mais de R$ 47 milhões aos cofres públicos do município do Vale do Rio Pardo. A ação teve o apoio das promotorias de Justiça locais e da Brigada Militar.

Foram cumpridas 139 ordens judiciais contra os investigados, com 46 mandados de busca e apreensão, bloqueios de bens e valores no total de mais de R$ 47 milhões, pagamento de fianças de aproximadamente R$ 1,4 milhão, indisponibilidade de 28 veículos e três embarcações, sequestro de dez imóveis, afastamento das funções públicas de dez agentes e proibição a seis empresas de contratarem com o Poder Público, entre outras medidas. Os mandados foram acionados em outras seis cidades: Lajeado, Estrela, Vera Cruz, Venâncio Aires, Mato Leitão e Santa Clara do Sul.

Vice-prefeito, quatro secretários municipais e um vereador foram afastados

Uma das determinações judiciais foi o afastamento de cinco integrantes do alto escalão da Prefeitura de Santa Cruz do Sul pelo prazo 180 dias, incluindo o vice-prefeito Elstor Desbessell (Progressistas), que também é titular da Secretaria da Saúde, e servidores municipais, entre eles os secretários municipais Edemilson Severo (Administração), Everton Oltramari (Planejamento e Governança), Márcio Martins (Desenvolvimento Econômico e Turismo) e Valmir José dos Reis (Segurança e Mobilidade Urbana). O líder do governo na Câmara de Vereadores, Henrique Hermany (Progressistas), também foi afastado das suas funções legislativas pelo mesmo período.

Todos são suspeitos de envolvimento em crimes e por isso haverá restrições patrimoniais aos investigados por eventuais fraudes em licitações, peculatos – desvios de valores públicos realizados por funcionários públicos – e lavagem de dinheiro. Uma das irregularidades envolveu a reforma e pavimentação do Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul, obra que, segundo o Ministério Público, teria sido fraudada, superfaturada e executada com má qualidade, colocando em risco a segurança dos pilotos de etapa da Stock Car em novembro de 2022.

As ordens judiciais de buscas ocorreram em residências, empresas, sedes das secretarias e na Câmara de Vereadores. Além do vice-prefeito, dos quatro secretários municipais e do parlamentar, são suspeitos quatro servidores municipais e cinco empresários e seus subordinados. Ainda, são investigadas seis empresas por envolvimento nas possíveis irregularidades.

“Investigar grupos criminosos, lavagem de dinheiro e desvio de verbas públicas é uma prioridade para nossa gestão no MP/RS e para o Gaeco. Com a fase ostensiva dessa operação, envolvendo cumprimento de mandados de busca e afastamento de servidores públicos, nós estamos investigando indícios de que realmente havia a atuação de uma organização criminosa destinada ao desvio de dinheiro público na Prefeitura”, argumentou o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Luciano Vaccaro.

“Organização criminosa”

O coordenador do Gaeco, promotor André Dal Molin, ressalta que dois núcleos distintos compõem o que seria uma organização criminosa. Conforme investigação do órgão, o núcleo político é chefiado por um vereador que tem ligação com algumas empresas ao atuar como advogado delas e ainda há os integrantes da Prefeitura de Santa Cruz que são investigados. A apuração, que iniciou em junho de 2022, detectou também a existência de dois núcleos empresariais, os quais se relacionavam com o núcleo político e contavam, por vezes, com apoio de um integrante de associação empresarial local.

Esses grupos teriam planejado, fraudado e direcionado licitações, bem como feito contratos de aluguéis de secretarias municipais em casa de festas e em empreendimento imobiliário de empresas investigadas, sem interesse público, com dispensa de licitação, valores com sobrepreço e prorrogações contratuais irregulares, em favorecimento direto aos responsáveis pelos núcleos empresariais. O MP/RS sustenta que, se não houvesse a intervenção do órgão nesta terça-feira, os prejuízos seriam ainda maiores ao erário.

O coordenador do 8° Núcleo do Gaeco/Central, João Beltrame, foi o responsável pela investigação, juntamente com os promotores Flávio Passos e Érico Barin. “Há indícios de possíveis fraudes e peculatos na reforma e pavimentação do autódromo internacional, com direcionamento de licitação, superfaturamento e depois ainda com aditivos contratuais injustificáveis que elevaram o valor contratual em mais de R$ 3 milhões. Além disso, a obra foi mal planejada e mal executada, colocando em risco a segurança dos pilotos da Stock Car em novembro do ano passado”, sustentou Beltrame.

Já o promotor Érico Barin, ressaltou que “há indícios de que na nova obra de reforma do autódromo, cujo edital de licitação já foi lançado” – ato realizado na semana passada. “A organização criminosa tentou obter ilegalmente de valores públicos. Neste caso, uma das empresas investigadas elaborou novamente um projeto técnico e definiu os valores da obra – orçada em mais de R$ 8 milhões – e inseriu no edital uma cláusula restritiva de concorrência para o fim de direcionar o certame”, apontou Barin.

Caso semelhante ocorreu na duplicação de trecho municipalizado da BR-471, em Santa Cruz, como referiu o promotor Flávio Passos. “De acordo com as provas coletadas na investigação, a mesma empresa investigada fez todos os projetos técnicos e definiu os valores da obra, fraudando e direcionando a licitação, cujo valor já ultrapassa R$ 21 milhões, após aditivos igualmente fraudulentos”, sustentou.

“Além disso, as investigações demonstraram que o grupo suspeito segue atuando no município, visto que já foca em mais uma nova obra a ser licitada para a construção de ciclovia na Avenida Léo Kraether. Os projetos dessa obra estão sendo, mais uma vez, elaborados e avaliados por engenheiros da mesma empresa suspeita, juntamente com a contratação de uma terceira, usada como fachada na intermediação de integrante de associação empresarial local”, garantiu Passos.

A ação contou com o apoio dos promotores Mauro Rochenbach, Gerson Daiello Moreira, Rogério Meirelles Caldas, Manoel Antunes, Diego Pessi, Camilo Vargas Santana, Maristela Schneider, Heitor Stolf Júnior e Rogério Fava Santos, além de 148 agentes da Brigada Militar e 71 agentes adidos e servidores do MP/RS atuantes no Gaeco, Núcleo de Inteligência do Ministério Público (NIMP), Assessoria de Segurança Institucional (ASI), Promotoria Especializada Criminal, Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, Promotoria de Defesa do Consumidor e Promotoria de Santa Cruz do Sul. O total passa de 230 envolvidos na Operação Controle.

Helena Hermany quer celeridade nas investigações do MP

A prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany (Progressistas), se manifestou no final da manhã desta terça-feira, 14, em entrevista coletiva, sobre a operação do Ministério Público no município. Ela garantiu ter ampla confiança no quadro de servidores da Prefeitura e na lisura de todos os procedimentos dos órgãos públicos municipais. Acompanhada do secretário de Habitação e Esporte, Everson Carvalho de Bello, a chefe do Executivo se mostrou chateada com a ação que surpreendeu a população.

“Quando fiquei sabendo (da ação do MP/RS), em nenhum momento eu tive uma reação pessoal de pânico ou de incerteza, porque conheço os nossos funcionários. A Comissão de Licitação é formada por funcionários concursados, que têm o máximo zelo pela coisa pública. A nossa Procuradoria (Geral do Município) é composta por procuradores competentes, concursados, pelos quais eu tenho plena confiança. O nosso corpo técnico de engenheiros é, igualmente, formado por engenheiros concursados, que têm toda a cautela para fazer o melhor possível. E todos os funcionários que convivem comigo vão, com certeza, dizer: ‘A prefeita sempre pede para fazer tudo o que for possível pela comunidade, pelo progresso de Santa Cruz, e sempre dentro da legalidade’”, enfatizou Helena.

A chefe do Executivo explicou que todo projeto oferecido para a Prefeitura é analisado por técnico, depois passa para o setor de licitações e após o devido processo de escolha se revela a empresa vencedora para executar a obra. Ela deseja que as investigações dos promotores de Justiça sobre as supostas irregularidades em Santa Cruz do Sul ocorram de maneira ágil. “O Ministério Público tem todo o direito de investigar, mas espero que seja com celeridade, porque tenho a certeza de que a verdade vai prevalecer. Vou me inteirar mais sobre os assuntos, pois o que eu sei é pela imprensa”, comentou a prefeita.

Helena alerta para eventuais prejuízos para os diversos setores da vida do município como efeito da revelação da Operação Controle, do Ministério Público do Rio Grande do Sul. “A acusação de existência de uma organização criminosa é uma coisa muito forte. E o pior é que com essa acusação, mesmo depois, vendo que não tem nada a ver, nunca mais se consegue apagar tudo (de eventuais prejuízos para a imagem do município). Então, após uma acusação assim, tão forte, espero que pelo menos a justiça divina seja feita”, comentou.

Ao final da coletiva de imprensa, Helena Hermany fez um desabafo: “Eu me orgulho de ter uma família política. Eu me orgulho do meu marido (Edmar Hermany, atual secretário municipal de Obras e Infraestrutura), que foi o vereador mais votado em 1988, que com 40 e poucos anos foi eleito prefeito e depois ainda foi mais cinco vezes vereador. Eu me orgulho do meu filho (Henrique Hermany), que foi o vereador mais votado do nosso partido (em 2020), me orgulho do trabalho e da integridade dele. Eu não vejo nenhum demérito em ter uma família que é política. Nós temos a família Covatti que é política; temos a família Brum que é política; temos a família Moraes que é política. Então não vejo nenhum demérito em ter uma família voltada à política. Acho que essas incursões que acontecem às vezes fazem com que muitas pessoas boas desistam da política. Eu confio na nossa imprensa, tenho certeza de que ela vai colocar os fatos como eles realmente são, como a imprensa sempre faz. Mas eu fico triste, porque tenho certeza de que bons políticos, enxergando o que a gente precisa ultrapassar, muitos pensam: ‘Não, não vou fazer isso’ (se dedicar à atuação pública). E quanto bons políticos a gente perde por causa dessas ações que ocorrem como no dia de hoje? Tenho certeza de que perdemos dois bons políticos em cima desse fato de hoje de manhã. As pessoas dizem: “Não, não quero passar por isso. Helena, te conheço, sei da tua vida, e tu ter que passar por isso, Helena, não, não, não, eu tô fora. Isso é muito triste e faz o que eu sempre digo: ‘Não tem cadeira vazia. Se os bons políticos não ocupam as cadeiras, alguém vai ocupá-las’”.

Prefeita empossa substitutos dos secretários afastados

À tarde, Helena Hermany anunciou os nomes de quem substitui interinamente os secretários municipais afastados. Três deles já integram o primeiro escalão do governo e acumulam funções a partir de hoje.

O procurador-geral do Município, Ricardo Scherer, também estará a frente da Secretaria de Saúde. O secretário de Cultura, Marcelo Corá, assumiu a pasta de Desenvolvimento Econômico e Turismo. E o secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Cesar Cechinato, acumula a Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana.

A arquiteta e urbanista Karianne Pacheco passa a ser chefe da Secretaria de Planejamento e Governança. Servidora municipal desde 2013, ela é coordenadora do Departamento de Projetos e Obras Públicas da mesma pasta. Marinalda Arena Dias Spindler passou a ser a responsável pela Secretaria de Administração. Graduada em Administração, ela já atuou como chefe de recrutamento na pasta, entre 2013 a 2019, e atualmente era diretora de Gestão de Processos e Inovação.

Desbessell diz que vai sair mais fortalecido do processo

O vice-prefeito Elstor Desbessell (Progressistas) concedeu entrevista coletiva à tarde, quando negou envolvimento em qualquer esquema fraudulento dentro da Prefeitura de Santa Cruz do Sul. Ele entende que o seu nome foi parar nas investigações do Ministério Público por ter exercido o cargo de secretário municipal de Planejamento, antes de assumir a pasta da Saúde, que ocupa há sete meses.

“Por determinação da Lei Orgânica do Município, o secretário de Planejamento assina todos os projetos e encaminha tudo para licitação”, lembrou. Desbessell revelou conversa com Helena Hermany ainda na manhã desta terça, onde a prefeita teria pedido para que ele mantivesse a serenidade e a transparência. “Acima de tudo, ela disse que está comigo, confia em mim e que a gente vai sair mais fortalecido após tudo esclarecido.”

Desbessell garantiu que está mantido o plano da dupla de concorrer à reeleição em 2024. “Com certeza, vamos muito forte para a próxima eleição. Como nós até referimos, parece que a eleição já começou. Eu não estou acusando nenhum partido político, mas foi assim para atingir o governo e desestabilizar a nossa base de governo. Em 2020, já tentaram fazer isso comigo e eu acabei virando vice-prefeito. Depois desta questão aqui, quando for tudo esclarecido e passarem os 180 dias (de afastamento do cargo), eu vou sair mais fortalecido, bem mais forte, posso lhes garantir.”

Henrique Hermany garante total colaboração ao MP

Também o vereador Henrique Hermany (Progressistas) chamou a imprensa para tratar da Operação Controle, na qual foi incluído entre os investigados. “Primeiro, dizer que fui surpreendido na manhã de hoje com um mandado de busca e apreensão que foi cumprido aqui na minha casa, buscando eventuais documentos relacionados a empresas e processos licitatórios, documentos esses que não foram encontrados. O mesmo mandado também foi cumprido no meu gabinete na Câmara de Vereadores, onde também não foi encontrado nenhum tipo desses documentos”, revelou o parlamentar.

Os agentes da Operação Controle apreenderam o smartphone de Henrique Hermany. Diante disso, o vereador tratou de procurar informações sobre a investigação do Ministério Público, para conhecer o teor da acusação sobre si e poder apresentar os seus argumentos. “A gente espera, daqui para frente, acompanhar e fazer ampla defesa dentro do processo. Mas eu preciso, desde já, fazer o contraditório daquilo que veio a público. Inclusive, pego aqui a fala do promotor que coordenou essa operação, que refere ser ‘importante esclarecer para a população que leva um tempo para analisar a possibilidade ou não de imputar conduta criminosa nas pessoas investigadas’. Então faço questão de dizer que vou estar colaborando com as investigações”, frisou.

Advogado muito antes mesmo de se tornar vereador, Henrique rebate a tentativa do MP de colocá-lo como chefe de um núcleo político da suposta organização delituosa, vinculando a sua atuação profissional junto a uma das empresas investigadas. “Vou demonstrar, no curso dessa investigação, que a minha atuação como advogado sempre se deu dentro dos limites daquilo que eu posso atuar como advogado, e nada impede que um cliente meu tenha alguma relação de contratação ou que participe de processo licitatório da Prefeitura. A minha função como vereador líder de governo é de articulação daqueles projetos de lei que passam pela Câmara, mas nunca teve interferência minha, seja como vereador ou como advogado, em processo licitatório do município de Santa Cruz do Sul”, enfatizou.